O Eu Cósmico-Ctónico

O Eu Cósmico-Ctónico

O Eu Cósmico-Ctónico dialoga com as estrelas e o chão, tecendo-se para além do isolamento do hiper-individualismo actual.
O Eu Cósmico-Ctónico encontra o Sagrado tanto nas pedras como nas estrelas, oferecendo o pulsar do seu coração à vibrante Teia da Vida.
O Eu Cósmico-Ctónico sabe ser apenas uma passagem, um instante de espaço e tempo, entre o saber e o esquecimento.
O Eu Cósmico-Ctónico ouve o chão e sente as nuvens, fala a linguagem das texturas, dos sabores e dos cheiros.
O Eu Cósmico-Ctónico dialoga com as mãos-coração em profunda reciprocidade, tanto criadora como destruidora.
O Eu Cósmico-Ctónico sabe ser cruzamento de muitos fios, camadas e dimensões, as visíveis, as invisíveis, as mutiladas e as imaginárias.
O Eu Cósmico-Ctónico reconhece o valor da sua singularidade descentrada em relação profunda e responsável com tudo o resto.
O Eu Cósmico-Ctónico reverbera com a metamorfose e impermanência das nuvens e do vento.
O Eu Cósmico-Ctónico encontra-se profundamente para além das eras pulsando com os ritmos do chão e das constelações.
O Eu Cósmico-Ctónico reconhece a sua rica multiplicidade.
O Eu Cósmico-Ctónico sabe-se Teia, sabe-se Lugar, sabe-se tempo e passagem.
O Eu Cósmico-Ctónico só se encontra aqui e agora, nunca exilando todas as cambiantes, desde as dores às alegrias.
O Eu Cósmico-Ctónico vive no corpo, em cada recanto, nas raízes fundas e no topo das montanhas mais altas.

[Disclaimer: Todas as palavras e conceitos tecidos no meu trabalho nascem através da minha Vida, naturalmente tendenciosa, e sempre limitada percepção das coisas, não assumindo que carreguem qualquer verdade absoluta. Escrevo a partir de um contexto de baixa intensidade sobre o norte global, em profunda consciência e responsabilidade pelo ecocídio e genocídio continuado pela modernidade.]

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Por Sofia Batalha

Sou ‘designer’ por formação académica, professora por acaso, escritora por necessidade visceral e investigadora independente por curiosidade natural. Sou mamífera, autora, mãe, mulher e tecelã de perguntas. Desajeitada poetiza de prosas sem conhecimentos gramaticais. Peregrina entre paisagens interiores e exteriores, recordando práticas cósmico-ctónicas em presença radical, escuta activa, arte, êxtase e escrita
Autora de nove livros e editora da revista online e gratuita Vento e Água, podcast Re-membrar os Ossos e Conversas D'Além Mar.